As novas gerações estão se tornando preguiçosas para leituras, afirma psicóloga

18/04/2015 07:35
Nos últimos anos, os livros estão se transformando. Com apenas um toque ou deslize dos dedos é possível virar a página e continuar a leitura. Seja nos tablets, smartphones ou no computador, os livros digitais estão ganhando espaços nas vidas das crianças.
 
Neste sábado (18), é comemorado o Dia da Literatura Infantil, e a Matéria Emplacada quer saber qual é o melhor: livros impressos ou digitais? Para a psicóloga Ana Cavalcante, ambos são importantes, pois a questão principal é o acesso à leitura. “Um oftalmologista talvez recomende impressos, devido ao cansaço que os aparelhos eletrônicos causam a visão. Um ambientalista recomendaria livros digitais para evitar o desperdício da matéria prima. Mas é válido avaliar qual meio a criança e o adolescente têm acesso e também preferência”, afirma.
 
O estudante Guilherme Henrique Dias Ramos, 12, prefere livros digitais. “Fica mais fácil de ler e não paga nada. E a letra fica mais legível”, justifica ele, que já leu ‘Estrelas Tortas’ de Walcyr Carrasco, e atualmente, está lendo no tablete ‘A Cabana’ de Willian P. Young.
 
Já para a neuropsicóloga Lívia Pacheco, a questão de escolha entre os dois tipos de leituras é “delicada”. “Como as novas gerações nascem em meio a era digital, sem dúvida devemos considerar que a leitura em um ‘e-book’, por exemplo, pode ser mais motivadora e familiar às crianças do que em um livro impresso. Porém, não se pode deixar de destacar o valor que um livro concreto, pode ter nas mãos de uma criança que estará sendo estimulada pela textura, pelo cheiro e pela interação que os livros impressos permitem”, relata.
 
Segundo Lívia, os desenhos, mordidas e rabiscos ajudam as crianças a desenvolverem noções de conservação de seus próprios pertences. Ela também concorda com Ana Cavalcante. “Sendo assim, com este ou com aquele o importante é a leitura e principalmente o conhecimento adquirido”, afirma.
 
A escritora piracicabana Simone Maria Paschoaletto Michi que possui quatro livros publicados: dois impressos e dois digitais; também elencou as vantagens e desvantagens de ambos os tipos de leituras. “Vantagem do livro impresso: temos maior rigor com a escrita formal, encontra-se pouco ou quase nenhum erro de português; Vantagem no livro digital: menor custo para o leitor e autor, menor impacto ambiental; Desvantagens no livro impresso: pode-se pensar no impacto ambiental. Desvantagens no livro digital: Não atinge todas as classes sociais, o público selecionado segue para a modernidade”, elencou Simone.
 
Na quarta-feira (15), a advogada Daniela Bertaglia, levou a filha Valentina, de um ano, e a sobrinha Luiza, de cinco anos, pela primeira vez na Biblioteca Municipal ‘Ricardo Ferraz de Arruda Pinto’, em Piracicaba (SP). Daniela disse que conta histórias para a filha antes de dormir. “Lemos livros. Temos um livro com 300 histórias de bebês. Já a Luiza está na época dos gibis”, disse. Para a advogada, a leitura é essencial. “Hoje em dia todos querem celular, videogame. Conclusão, literalmente as pessoas não sabem ler”, afirmou.
 
“A facilidade que a era digital e a internet trouxeram, além do acesso à informação, é absolutamente imensurável. Hoje em dia, crianças e jovens não precisam mais sair do conforto de suas casas em busca de uma biblioteca ou livraria. No mundo moderno o conhecimento está a apenas alguns cliques e um site de busca de distância. Desta forma, o que observamos é que as novas gerações se tornam preguiçosas ou pouco motivadas para leituras mais densas ou longas”, afirmou Lívia Pacheco.
 
Na avaliação de Ana Cavalcante, a influência dos pais é fundamental. “Os pais devem estimular o contato dos filhos com os livros contando histórias, mostrando as figuras, facilitando a interação da criança com o livro e inclusive pedindo que a criança também conte a história do livro. Mesmo que ela crie a própria história como se estivesse lendo. Estimula a leitura, imaginação e a criatividade”, sugere.
 
Reportagem: Reinaldo Diniz/ME
Foto: Reinaldo Diniz/ME